domingo, 8 de julho de 2007

_da flip

)Acatando a idéia dos parágrafos(
)o título seria outro, "_do muro aos céus", mas para deixar mais claro - não coeso -, mudei-o(

"Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.

O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase."

Conhecem Nadine Gordimer? E Amós Oz? E Mia Couto? Maria Rita Kehl? Eu sim!!

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O mosquito aparentemente invisível na imensidão do cenário continuava pousado em seu ponteiro - ainda não sentia o tempo, tampouco velocidades. Dois momentos distintos confundiam-no: a princípio, observava, parado e eterno, todos ao seu redor - os muros, as paredes, estava sozinho e pousado em seu relógio que desconhecia - cada um em sua subjetividade prórpia - sabiam que os muros, os tijolos, as paredes são indivíduos, assim como os leitores e as pessoas como eu e vocês? sabiam que cada átomo participa especialmente em sua mudança no todo? - cegos ou surdos estavam, como é esperado de inânimos - já viram vida fora dos vivos, tais quais os mosquitos? - , e do mesmo modo, continuava nosso protagonista observando sabe-se lá o quê, atento e simultaneamente cego e parcial - uma coruja é díspar dum mosquito, como hão de serem imparciais uns aos outros? - a tudo que acontecia, nada muito além de movimentações e cliqueclatear dos ponteiros - ainda não percebia que se movia! - ou até mesmo o arranjo das moléculas do muros e de seus cimentos e tijolos.
Uma monotonia aparente para todos os leitores e inclusive para o vulgo narrador desta movimentação em construção.

Algum tempo ficamos nós a observar o que ocorre - nada de importante para se imortalizar - na cena...uma...duas...três...quatro...e meia. Quatro horas e meia aguardamos até que finalmente algo decide se mover: o mosquito decide voar, sair da constante estagnação. Visitar, conhecer os poros do muro - sua sala é grande, já a conhece em quase toda sua superficialidade - e ver que há mais do que apenas "apenas" já conhecidos e há "ademais" e afins.
Em uma de suas visitas, planou, por uma volta de sua origem, os ponteiros. Atentou. De "olhos e ouvidos bem abertos".
De súbito, aquilo que era branco como todo o resto decidiu tornar-se avermelhado, multicolorido. Ademais, decidiu sair do lugar onde estava: um tijolo - ou era uma pena? - sai do muro, sobressaindo-se e se destacando. O mosquito achou que estava defronte a um espelho, um ícone a ser seguido, um ídolo - finalmente algo novo, algo a que se pode prezar, não mais aquela monotonia dantes.
Uma aproximação amedrontada é o que ocorre: nosso caro morosamente se aproxima da novidade, sorri, age naturalmente - calado, atento, íntegro - e ganha de troco a vida de seu ídolo - sim, um tijolo move-se quase que humanamente. Uma construção onírica - de fato, o que ocorreu não é isto que o mosquito pensou ter visto - faz surgir uma mão de fumaça e poeira, movimentando-se rapidamente, unicamente - inumanamente - de modo a empurrá-lo. A força do ato não era suficiente para tanto, era resultado de afago, de agradecimento: um carinho. Mais um pouco de arte ao convívio de duas poesias.
)Um vôo se dá! Apenas pela segunda vez isso ocorre, o mosquito sobe aos céus...volta...sobe...e é assim que a felicidade existe factualmente.(

Tempos ainda ulteriores se mostram diferentemente similares ao descrito, cada um em sua importância, mas nada aqui se torna tão importante.

)Levando ao nível ainda maior, mais abrangente, você consegue ver outras salas, igualmente quadradas, infinitamente grandes, com outros mosquitos sobre os mesmos relógios. Em dois deles - note bem, conte bem! são três! - os mosquitos pensam sobre poesias e estórias a partir deles próprios - uma metalinguagem! - sendo-as. Um pensamento complexo, assaz único, preso sob a pele das palavras em que há cifras e códigos.(

5 comentários:

Giuba disse...

Cadi, que horas vc escreveu esse texto?

eu acho q foi o melhor de todos q eu li ateh agora

gostei MTO!
MESMO!!!

"cada átomo participa especialmente em sua mudança no todo?"

"(...)o mosquito sobe aos céus...volta...sobe...e é assim que a felicidade existe factualmente."

nossa de boa... sem palavras =]
gostei demais!
acho q eu vou ficar pensando nesse texto ateeeehhhh!!

Te amo-te! xD

Letícia Mori disse...

Borbas o que você escreve é mesmo muito difícil. E não, isso não é uma crítica. EU que não sei bem se entendi essa do mosquito. Juro que tive que ler umas três vezes. Não sei da onde vc tira sua insegurança (se é que vc é inseguro, como me disseram). Se eu escrevesse assim eu ia estar pouco me fodendo pras críticias e ia me achar um máximo. Eu acho um máximo estar rodeada de pessoas inteligentes, mas é ainda mais legal ter amigos talentosos. Parabéns, esse texto tá um máximo.

me disse...

Gostei do texto! =D

(E lá vai eu falando - novamente- que ele me lembra outra coisa.. e este daqui lembra biblioteca de babel)

Nao me pergunte o pq.. apenas eu acho q lembre..

Quais seriam essas duas poesias?

Beijos!

Unknown disse...

Vc me intriga cada vez mais!!!

Tatiane Ribeiro disse...

Ainda não pude ler (mas lerei em breve).
Pergunta: vc está em sp ou pretende aparecer por aqui? Se sim, me liga, tá?