terça-feira, 24 de julho de 2007

_crucrilar-se-ão? o mosquito e os olhos

Antes de começar a papear, acredito que as armadilhas ainda não foram decifradas...Outro aparte, o título é literal!!
Isso foi um sonho que se tornou isto daqui:
)sem medo da opressão causada aos bem-aventurados vencedores que se preocupam com seu próprio amontoado de letras(

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)Pois imaginem vocês: o autor desta desordem decidiu, por falta de inspiração, pôr no intróito de seu poema como o céu estava molhado, como o cinza matinal parecia gélido, como - olhem o perigo! - as nuvens pareciam escassas e os ventos em nada se aproximavam com os das campinas, ou dos desertos. Por escolha minha, bani esta introdução isulsa e vamos ao fim, finalmente! Ou ao começo, por fim!(

Naquela sala interna àquela nuvem da introdução, um mundo dentro do mundo surgiu, disso todos já compreendemos desde que o Grande pôs um espaço, um completo vazio, onde antes nada havia. Um relógio de acrílico fumê flutuava em alguma posição vezes incômoda, vezes insossa, vezes multiplicada. Ulteriormente - em questão de sincornia - à criação do primeiro vazio, vê-se - o verbo existe apenas para traduzir a idéia, uma vez que, factualmente, o que ocorre é que se é tão pequeno, tão insensível que apenas se imagina haver - um mosquito insignificante e marrom vívido - já ouviram falar de que quão mais sujo, mais se tem noção da limpeza ou contrariamente? pois bem, assim era a situação - destoava do branco interminável da sala, uma alvareza que deixava tudo imensurável, o que se imaginaria naturalmente.
Parem vocês, aventurados, e se deparem friamente com a situação. Calem por alguns minutos para ter total conhecimento da importância do que lhes falo, fechem hermeticamente seus olhos, parem de tentar aprender o que é natural. Em um relógio móvel, flutuante e transparente, pousado em algum ponteiro está um mosquito insignicante e de exímia importância que barulhava com suas asas, um zunido crucial à vida daquela sala - não tão crucial quanto à existência do carapanã. Decerto consegue ver a sala em sua totalidade ou quase isso: não vê a si prórpio, imagina-se como é apenas pelo barulho que faz, não há onde se refletir, não há onde se encontrar.

Às gotas, com o sucesso da cena única - onde mais se encontraria tal imagem do imensurável com um relógio e um mosquito colorido diante de um mundo infindo? - surgem, além dos tijolos das paredes da sala, já há tempos existentes, olhos curiosos, tão alvos como o restante da sala, uns grandes, outros menores, outros falantes, outros ouvintes: todos espreitam que zunir especial aquele mosquito fazia, assim como que gesticulações, que imagem o mosquito trazia! Que cena!!
Finalmente, uma outra ferramenta de nosso pequeno inseto para arquitetar como ele é: os olhares de outrem. E reciprocamente, os olhos imaginavam como eram a partir das intensidades dos zunidos soltos pelo cômodo.

Um último visitante surge: um grilo - tão violeta que desalinhava-se com o marrom e com o branco dantes - cujo crilar pode ser traduzido como cru cru exibe sua música, atrapalhando - afinal, ele ainda é jovem e pouco sabe ordenar sua canção - a melodia do zunir. Alguns olhares repudiam a união, outros, mais sábios, respeitam o alento do jovem, que pode parecer ridículo a alguns, como pode parecer chic ou fashion. O que se tem de certo é que ao fim de algumas voltas do mosquito pela sala, o que se podia notar é uma progressão, levemente harmônica, entre ambos. Um caminho a ser percorrido.

)Por fim, o mosquito decide voar, causando um estrondoso zonzoneio, ensurdecendo a todos os atentos olhos. Neste derradeiro planar, como se em um passe de mágica, tudo se cala, o silêncio toma conta: os muros, os olhos curiosos, o mosquito e o grilo somem, e o que resta é a marca naquela nuvem do começo deste poema que sempre poderá ser vista pelos humanos que se aventurarem a olhar contra os raios solares e a encontrar as pequenas rasuras deixadas naquela bem-venturosa e ainda inacabada sinfonia.( E é lá que deitam as notas e suas obras.

Tardará, pois bem, mas ainda retornará a se ouvir o crucrilar do mosquito.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

_da minha terra e da Cole

)Antes de tudo, olhem que genial é o Mia Couto: "Infância é quando ainda não é tarde"(

Sem literatura e dificultismos por hoje...

Olha só: cada vez mais ODEIO a linguagem, a língua, os simbolismos...e é por isso que progressivamente o que nasce é um amor infindável pela literatura...


Será que a distância existe por causa da incapacidade nossa?! Será que todos os preconceitos existem por culpa das metáforas que cada palavra traz?! Será que a armadilha é intrínseca à humanidade?!

Sim, sim, temo dizer.


No XVI Congresso de Leitura da Unicamp - eu fui!! o Mia Couto também!! - o famigerado rapaz moçambicano disse que a língua cria 4 armadilhas, só citarei as 4, as análises são suas:

Armadilha da Realidade
Armadilha da Identidade
Armadilha da Sabedoria
Armadilha da Leitura


Como eu amo a literatura!

domingo, 8 de julho de 2007

_da flip

)Acatando a idéia dos parágrafos(
)o título seria outro, "_do muro aos céus", mas para deixar mais claro - não coeso -, mudei-o(

"Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.

O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase."

Conhecem Nadine Gordimer? E Amós Oz? E Mia Couto? Maria Rita Kehl? Eu sim!!

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O mosquito aparentemente invisível na imensidão do cenário continuava pousado em seu ponteiro - ainda não sentia o tempo, tampouco velocidades. Dois momentos distintos confundiam-no: a princípio, observava, parado e eterno, todos ao seu redor - os muros, as paredes, estava sozinho e pousado em seu relógio que desconhecia - cada um em sua subjetividade prórpia - sabiam que os muros, os tijolos, as paredes são indivíduos, assim como os leitores e as pessoas como eu e vocês? sabiam que cada átomo participa especialmente em sua mudança no todo? - cegos ou surdos estavam, como é esperado de inânimos - já viram vida fora dos vivos, tais quais os mosquitos? - , e do mesmo modo, continuava nosso protagonista observando sabe-se lá o quê, atento e simultaneamente cego e parcial - uma coruja é díspar dum mosquito, como hão de serem imparciais uns aos outros? - a tudo que acontecia, nada muito além de movimentações e cliqueclatear dos ponteiros - ainda não percebia que se movia! - ou até mesmo o arranjo das moléculas do muros e de seus cimentos e tijolos.
Uma monotonia aparente para todos os leitores e inclusive para o vulgo narrador desta movimentação em construção.

Algum tempo ficamos nós a observar o que ocorre - nada de importante para se imortalizar - na cena...uma...duas...três...quatro...e meia. Quatro horas e meia aguardamos até que finalmente algo decide se mover: o mosquito decide voar, sair da constante estagnação. Visitar, conhecer os poros do muro - sua sala é grande, já a conhece em quase toda sua superficialidade - e ver que há mais do que apenas "apenas" já conhecidos e há "ademais" e afins.
Em uma de suas visitas, planou, por uma volta de sua origem, os ponteiros. Atentou. De "olhos e ouvidos bem abertos".
De súbito, aquilo que era branco como todo o resto decidiu tornar-se avermelhado, multicolorido. Ademais, decidiu sair do lugar onde estava: um tijolo - ou era uma pena? - sai do muro, sobressaindo-se e se destacando. O mosquito achou que estava defronte a um espelho, um ícone a ser seguido, um ídolo - finalmente algo novo, algo a que se pode prezar, não mais aquela monotonia dantes.
Uma aproximação amedrontada é o que ocorre: nosso caro morosamente se aproxima da novidade, sorri, age naturalmente - calado, atento, íntegro - e ganha de troco a vida de seu ídolo - sim, um tijolo move-se quase que humanamente. Uma construção onírica - de fato, o que ocorreu não é isto que o mosquito pensou ter visto - faz surgir uma mão de fumaça e poeira, movimentando-se rapidamente, unicamente - inumanamente - de modo a empurrá-lo. A força do ato não era suficiente para tanto, era resultado de afago, de agradecimento: um carinho. Mais um pouco de arte ao convívio de duas poesias.
)Um vôo se dá! Apenas pela segunda vez isso ocorre, o mosquito sobe aos céus...volta...sobe...e é assim que a felicidade existe factualmente.(

Tempos ainda ulteriores se mostram diferentemente similares ao descrito, cada um em sua importância, mas nada aqui se torna tão importante.

)Levando ao nível ainda maior, mais abrangente, você consegue ver outras salas, igualmente quadradas, infinitamente grandes, com outros mosquitos sobre os mesmos relógios. Em dois deles - note bem, conte bem! são três! - os mosquitos pensam sobre poesias e estórias a partir deles próprios - uma metalinguagem! - sendo-as. Um pensamento complexo, assaz único, preso sob a pele das palavras em que há cifras e códigos.(

quarta-feira, 4 de julho de 2007

_sobre as mariposas e os silêncios

Claro, desta vez não será um post literário tampouco um post emotivo, tampouco um post inútil...
Será um post comentário!
Aeee!!

Vendo os comentários que as pessoas fizeram )agora reparando, só 3 pessoas comentaram....droga, preciso divulgar isto daqui!( sobre os textículos, eu me pego numa dúvida cruel: será que é tãão diferente assim o entendimento das letras jogadas ao alento do ocaso?! Aliás, será tão ocaso assim?! Como que pode existirem tantas - tá, por ora só 4 )a das 3 pessoas que comentaram e a minha( , mas acredito que com o tempo isso aumenta - interpretações? Será que esse amontoado é de fato um amontoado?! Deveria, por lógica comunicativa, uma interpretação quase que linear - quase! - variando, logicamente, com aqueles [i]quês[/i] subjetivos que cada um dá ao texto.

Sabe duma coisa?! Ou eu não notei isso, ou vocês não repararam que existe uma quase sequência nos dois posts - novamente, "quase". Meu primeiro texto está malfeito e é bobo. O segundo, carece em partes de um outro texto meu que não publiquei - mas que publicarei algum dia desses. Será que é por isso que tantas foram as interpretações?!
Ou será, ainda, que algumas de minhas metáforas - como, por exemplo, a da mariposa, do mosquito pousado no ponteiro, a do coiote, a da coruja,... - sejam um pouco exigentes demais?! Claro é que - para alguns desavisados sobre biologia ou que não leram [i]Intermitências da Morte[/i] do Saramago - uma mariposa não tenha muita lógica literária...
Um mosquito pousado num ponteiro de relógio...quantas interpretações eu consigo tirar daí?! Milhares!
A não ser alguém que tenha lido recentemente sobre xamanismo, um coiote e uma corujá não consiguirão trazer muitas informações extras...

Por favor, desculpem se pareceu algo do tipo "seus ignorantes!"...muito pelo contrário, a coragem de interpretar já é para poucos! Mas será que é por isso que cada um lê de um jeito?!

Será que Niklas Luhmann )um pouco de Teoria de Comunicação para vocês leitores!( estava certo e o que se tem são, na realidade, "arranhões", "irritações" nas caixas-pretas que somos? Será que a expressão - aquela do Rousseau com H...Husserl - é de fato solitária?!

Não me prendo a questões desse cacife...prefiro ficar na brincadeira...jogar com o ocaso, criar possibilidades. Afinal, o que existe de correto?

terça-feira, 3 de julho de 2007

_duma mariposa

Um macaco pulava e pulava. Sim, sim, com seu outros macacos, com a coruja, com o coiote. Sim, o lago já refletia o Sol. Sim, o Sol brilha.
E era noite.

U m s o r r i s o . muito bem.
U m

)O mosquito parou e pousou no ponteiro dos segundos do relógio de meu avô - ou era avô dela? - mas ainda sim o macaco dançava e dançava sendo observado de inúmeras maneiras pelo mosquito.(

E de súbito quem aparece no meio da roda - no meio, para que todos se sintam próximos dela, como a proximidade é o comum hoje - é uma mariposa. Sutil, amarela e negra. Voava sujamente - aos olhos dos macacos - e enegrecia o luar.

Hum, pensava o macaco, um dia vou voar junto dela


)finito, e aqui fecha parênteses(

---)até aqui era o original, ampliado agora(---

Repara bem: o mosquito parado, observa tudo e a todos, faz julgamentos ou apenas olhares. Nada ele sentia: a velocidade dos ponteiros não o afetavam, essa é a magia de qualquer um que atreva - e tenha capacidade - de pousar belamente sobre fino pedaço de alumínio.
Sabia o mosquito que seria atacado pela mariposa cedo ou tarde. Disso ninguém de sua raça escaparia.
Com nada se preocupava - aparentemente - e continuava a tudo observar e irreparar na velocidade ou no giro que dava.

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Hoje, eu, Borbas, tenho medo da morte, como é normal. Sei que disso não consigo escapar - ninguém consegueria.
Mas é isso que me dá vontade: a chance de ser silencioso e imortal, gritando e batendo.

_duma mariposa

Pessoas, eu fiz caca...o que vale é o que está escrito acima!

domingo, 1 de julho de 2007

_o silêncio

Alguma vez há tempos me peguei perguntando ao )borbas( o que havia comigo. Mas como eu consigo ter ódio da calada. É incoerente.
De fato, esse curto diálogo era quase que como Caleban e Ariel de Shakspeare indagando sobre o porquê de Saramago ter escrito um [i]Evangelho[/i] segundo JC - e que fora copiado de GH? - excluindo toda a essência da religião em si.

)Novamente eu surgia estupidamente imaginando os passos finais do condenado à forca. No que será que o suicida pensa segundos antes do seu vôo com a mariposa? - sabiam vocês que no instante em que a cobra pica o pescoço do condenado, um ente enorme )cujo abraço me enlaça ao seu lado( degenera a serpente )e não só ela( e a transforma em um espaço denso, denso, denso e vazio como a mente humana é? sabiam que a platéia enegrece tanto a ponto de transformar-se em uma massa amorfa? sabiam?
Dor não pode ser. Coragem tampouco. Nem medo. Satisfação só aos pecadores. E morte só aos vivos. Claro. Não sentia nada, ao fim, algum começo, pois não?(

Como posso eu ser tão estúpido em ter tanto medo no que já conheço e gosto?
Certa vez toquei n'água, sua viscosidade era ímpar, seu sal carcomia minhas mãos, ressecando-as, sua temperatura era deliciosa.
Só soube qualificar o que senti quando, minutos depois, saia do mar e pisava na grama de meu quintal, seus pêlos pinicavam a sola de meu pé - não aguentei; caí -, cocegavam minhas costas, coçava-a: uma primeira apreciação? O primeiro passo foi a quebra do que nunca mais consegui imitar. O verde se diferenciava do azul pela primeira vez.

)Nossa! Percebo agora que o que o condenado sentia era justamente aquela quebra que senti!(


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Vezes acho que eu sou meio incoerente.