sexta-feira, 7 de março de 2008

_ Ø Q ou o conto em que o protagonista morre no final

)como diria um poeta da meia noite, esse poema lê-se de olhos bem fechados, apenas; dizem que a morte é melhor vista se, ao passeio fatal de rotina, jogarmos fogo nela. Gui, isso foi pra você, pare de decifrá-lo pela leitura, leia-o.(

Das cartas violetas às ligações de sete dias, o que me sobrou a mim foi surpresa, a morte de supetão. E de supetão ei-la.


Minhas mãos passeavam pelo corpo seu como se acariciando estivesse – era em fato carinho, daqueles que seguram e protegem e dizem Cá está a salvo, ao lado de mim – e meus dedos sentiam o grosso de uma cútis calejada – diz você ser resultado meu de tamanha carícia. Sabe você mui bem o que quero, é apenas mais uma demonstração de afeto. Como gosto de sua barriga! Pena ser a única a saber do que me aflora à pele. Vezes até duvido que saiba de fato. )Ah, se o amor fosse moda... Não que o mundo passaria a ser melhor, seria ao menos mais amoroso.( Seu semblante feliz só me diz ou pouco menos – quiçá seja incapacidade minha de entendê-la. Em bom português: que se foda...gostava mesmo era de perder alguns segundos descobrindo um deserto de células mortas.

Mas, ah, meu dedo... Sua pele começa a incomodar meu dedo, que passa a se ver ameaçada Não quero esse destino, sou madame. não suporto concorrência com a beleza que é só minha. Aceito os motivos. Ignoro-lhe a razão.

Pouparei seu tempo. Meu dedo e eu brigamos. Feio. Nada mais previsível. Queria que você continuasse a sorrir – era o sorriso meu que se refletia nos seus dentes, que de brancos, só tinham a pasta; em fato queria manter meu orgulho de tê-la a mim como um amuleto. uma conquista. Ah, mas não é que você – sua barriga safadaaa! – teimava em pedir por carinho, dando-me obrigação de responder – responder tornou-se uma compulsão para mim. era o que eu havia pedido. eu e meu ego – e lá ia eu, boba, apaixonada, brincar. Adoro essa loucura de ver minha felicidade estampada nos rostos dos outros; um exagero imensurável, uma mentira. Uma metáfora. )Não creio... Vem mesmo! Vem brincar comigo, barriguinha, gosto tanto de você, meu dedo compreende!(

Para que? Mais uma vez meu dedo me deu uma bronca. Ok, imagine como ficaria eu horrível com dedos de violeiro, minhas unhas recém-pintadas destoariam. Vezes um bom senso ajuda. )Vamos...compreenda, dedo, é só um carinho desmedido, calos não passam de pele para pele!(

Você deixou de sorrir; eu deixei de ser refletida; meu dedo está satisfeito. Estou aqui, esperando por mais uma safadeza sua; quem sabe sua ousadia não me sirva como desculpa para acariciá-la – ah, como gosto de sua barriga, você é tão macia – e para brigar um pouco mais. Sou uma menina que não faz por mal, faz por amor, faz por paixão – paixão, sim, essa é a palavra! – só quero mostrar isso a todos. )Ah, dedinho enciumado...não precisa disso, seu encanto ainda será só seu. as luzes vão para você ainda!(

Sei lá...me deu uma vontade louca de te beijar, sabe? Um beijo desses que se tasca, mas se perde no ar, só pra dizer Fique, calos, na barriga, estarei sempre por perto, meus dedos não atrapalhariam se você não me atrapalhar. Meus lábios não entram nessa história, não nessa versão – há algumas testemunhas do futuro que dizem que esse é só um começo e o beijo não tardará.

E foi enquanto te cantava, barriga, que meu dedo gritou Olha, é a morte.


)Estou vivo, por mais que a biologia e a metafísica não expliquem. Faço-o sem ajudas: eu, como migo, jazo, a barriga e o dedo, agora, inda brincam de...(


-X-


Esse é um texto arrogante pra caralho.

2 comentários:

Guilherme D. disse...

hahahaha Gostei!! Acho que entendi o recado... Não só me vi no recado do começo, como no texto inteiro! hehehe

Sei lá, enxerguei a questão dedo/barriga/indivíduo como a questão da poesia, da leitura, da interpretação, de quem escreve e de quem vê de fora. Da necessidade de entender e decifrar; de tocar. Quando na verdade podemos sentir, apenas isso.

Anônimo disse...

Nao sei se o texto é arrogante, mas eu achei ele bem chato.

Se a interpretação do Gui está correta, então esse texto é sim arrogante.

Preferia quando vc era obscuro!

E esse dedo não sei não!!!!